Carta aberta para Marina

Sofia Hohmann
3 min readJan 15, 2021

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Oi, Marina, tudo bom?

Eu me chamo Sofia. Sou curitibana, tenho 24 anos, morei oito anos da minha infância em Munique, na Alemanha — adorei descobrir que você fala alemão e que seu cachorro se chama Schnaps — , sou engenheira de bioprocessos mas “mudei a rota” e acabei no marketing de conteúdo em uma fintech.

Estou no começo da carreira, assim como você não sei se o mundo corporativo me cabe e sinto uma inquietude e inconformidade dentro de mim. Pratico yoga diariamente, amo escrever, andar de bicicleta e ler.

Conheci você ano passado, por meio da Letícia Manosso, que me mostrou seu perfil com entusiasmo. Assisti seu vídeo de (re)apresentação com brilho nos olhos. Inspirada em você, comecei a escrever cartas mensais a mim mesma contando como vai a vida. Mencionei você no meu podcast Criadoras de Si sobre transição de carreira. E domingo passado terminei de ler o seu livro Pneuma.

Seu livro me preencheu, me acolheu e me estimulou. Venho em uma busca por algo que eu não sabia nomear, mas acredito que seja esse sopro de vida. É um olhar pra dentro, para além.

Quando você contou da sua experiência trabalhando em hostels e limpando a casa daquela mulher na Dinamarca, me preenchi de nostalgia. No começo de 2019 fiquei 5 semanas como ajudante em um hostel em Waterford, na Irlanda. Conheci pessoas de tantos lugares, tantas culturas.

Limpar banheiros de outras pessoas, trocar a roupa de cama delas, servir o café da manhã delas, isso me fez sair da bolha assim como você. Aprendi que não precisamos de um alto cargo para o nosso trabalho ter valor. Aquele dia a dia simples me fez tão feliz.

Sua imersão na Ásia me fascinou. É meu sonho viajar para lá, fazer uma formação em yoga, fazer um curso de tantra. A sua liberdade corporal, mental, espiritual e emocional foi linda de acompanhar pela leitura, quase como se estivesse atravessando a tela do Kindle.

Às vezes eu tenho pressa em me libertar das minhas amarras, não sei que nó preciso desatar, mas a mensagem que você me entregou com suas palavras foi “calma, as coisas tem o tempo de Kairós”.

Você me relembrou que o que importa é o caminho e não a jornada. Fiquei maravilhada imaginando todos os lugares pelos quais você passou. Copenhagen, Auroville, Piracanga, Rishikesh e o Caminho de Santiago de Compostela estão no topo da lista de lugares que quero conhecer a partir de agora.

Seu livro reforçou algo que eu já tinha percebido ano passado: histórias reais encantam mais do que qualquer outra. Obrigada pelas suas palavras intensas e sinceras. Obrigada por poder acompanhar sua busca por pneuma.

Termino com um dos meus trechos favoritos “Acredito que estamos neste mundo para aprender e nos conhecer, assim como nos relacionar, amar, ser felizes, não para trabalhar, adquirir bens e nos colocar em caixinhas”. Vou levar isso comigo.

Um abraço apertado,

Sofia

P.S.: Acho que também quero morar perto do mar.

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Sofia Hohmann

Aspirante a escritora, engenheira de bioprocessos e analista de conteúdo, podcaster no Criadoras de Si, praticante de yoga e dona da bicicleta Antonia.