Relato de uma prática de meditação

Sofia Hohmann
2 min readJan 15, 2021

Espero conseguir contar essa história. Ela aconteceu no sábado passado. Mas quando as emoções são únicas e intensas, é difícil reproduzir elas em palavras até mesmo depois de poucas horas. Vou tentar.

A minha professora de yoga, a Pri, organizou um aulão de despedida antes dela entrar de férias por duas semanas. Ela pediu que a gente levasse nossos confortos para a prática, assim como uma vela. Eu ainda estava longe de casa, fui sem vela.

Os asanas — como chamamos as posturas — e o relaxamento foram deliciosos e preparatórios para a meditação poderosa que estava por vir.

Na hora de meditar, nos sentamos de pernas cruzadas, ajustamos o mudra — gesto com as mãos — e a Pri nos orientou a acender a nossa vela. Como eu e outras pessoas não tínhamos vela, poderíamos escolher uma planta, uma “sujeirinha” na parede ou outra coisa estática.

Optei pela parede de madeira que estava à minha frente. Nela, escolhi um dos nós da madeira e iniciei minha meditação.

Das palavras não lembro muito, elas apenas me conduziram na viagem interna. O nó na madeira virou um olhar de réptil, um buraco negro, o olhar da minha anciã. Essa última forma de ver o nó me emocionou.

Ano passado, lendo “Mulheres que correm com os lobos”, aprendi que em todas nós mulheres mora uma Velha Que Sabe. Passamos de crianças para donzelas e depois para anciãs.

Naquele olho enrugado e profundo na parede de madeira, eu via intuição e sabedoria. Eu li mensagens de que não deveria levar a vida tão a sério e que eu deveria colocar intenção naquilo que importa além do cotidiano.

Depois do transe com o nó da madeira, a Pri nos conduziu pelos nossos 7 chakras principais. O Anahata, na região do coração, foi intenso para mim. Sentia ele acelerar e aquecer, congestionando energia ali. Era minha ansiedade falando.

A meditação foi encerrada com um mantra lindo, “Om gam ganapataye namaha”, que pede ao deus indiano Ganesha para remover obstáculos. Chorei pela memória afetiva que ele me causa.

Por último conversamos. Relatos lindos foram trocados e eu compartilhei o meu. Pri ficou arrepiada junto comigo, afinal ela acompanha minha jornada há um tempo.

Ela comentou um detalhe que eu não tinha notado: eu não tinha fogo, mas eu tinha madeira, combustível para o fogo. É o que vem antes, assim como minha anciã vem antes de mim.

Essa meditação foi um voltar às raízes, à terra que me nutriu e me nutre. É preciso relembrar que há muito mais do que o turbilhão da mente. Por isso pratico yoga e meditação.

Namastê.

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Sofia Hohmann

Aspirante a escritora, engenheira de bioprocessos e analista de conteúdo, podcaster no Criadoras de Si, praticante de yoga e dona da bicicleta Antonia.